CAPITULO I – UM DIA!

Um dia minha manhã começou assim:

Sete horas. (Blaaam – Barulhos de pesadas janelas de madeira batendo na parede). (Boom – Barulho da porta de madeira sendo chutada e batendo contra a parede).
  • (Em alto volume) “O” DONO é um filho duma puta. Desgraçado! Porque tinha que me colocar neste mundo para trabalhar. Não vou sustentar nenhum filho duma puta. Vagabundo! Levanta pra trabalhar que eu não vou sustentar filho dos outros, que um vagabundo, filha da puta pôs no mundo na hora do ”bem bom” e depois deixou aqui para eu criar. Vai trabalhar para pagar sua comida.
Passos pesados vieram pelo corredor interno da casa, saindo do quarto da frente da casa e chegaram ao quarto dos fundos onde eu dormia. As minhas cobertas foram arrancadas com força e a mesma voz gritou:
  • Acorda! Levanta!
Era 6 de abril de 1958. Eu tinha seis anos de idade e este dia se repetiu por dez longos anos. Terminou em 31 de outubro de 1968. Eu pus um fim nele! O presídio ficou! Qualquer barulho externo, elevação de vozes e pronto: sobressalto!

Ao longo do tempo o conteúdo foi se resumindo e se alternando. Por vezes a porta e as janelas não batiam. Acordava quando era descoberto. As vezes acordava com a claridade do dia me batendo nos olhos.

Nunca ninguém me explicou porque meu pai e mãe, haviam me deixado na casa da avó e tia paternos e depois de um breve tempo desaparecido. Durante os primeiros dias chorei tanto, que o peito foi se inundando de tão intensa dor que começou a sufocar.
  • Engole este choro! Não quero ver ninguém resmungando pelos cantos!
Eu não conseguia quase mais respirar. Tive que prender a respiração até conseguir fazer o choro calar! Permaneceu calado até o dia que pude deixar doer livremente.

Sempre tive vergonha das emoções! Eram humilhante fraqueza!

Aos 16 anos de idade me rebelei. Desafiei a autoridade da tia com uma intensa demonstração de força, dirigida contra uma robusta cadeira de madeira, ofensas morais e sexuais (aos 39 anos de idade ela era virgem e avessa ao afeto).


Fui expulso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário